Pocah aquece para o Rock in Rio e entrega o primeiro álbum da carreira
Publicado em 5 de setembro de 2024
Para Pocah, “tudo acontece no tempo certo”. Essa filosofia se encaixa perfeitamente com o fato de seu primeiro álbum de estúdio, “Cria de Caxias”, ser lançado 14 anos após o início de sua carreira musical.
“Se eu tivesse lançado um álbum antes, não teria tido a maturidade para abordar os temas que abordei da maneira que abordei agora”, explica a cantora fluminense.
O projeto inédito, lançado na noite da última terça-feira (03), resgata suas raízes em Duque de Caxias e mostra sua jornada até alcançar sucesso nacional. A trajetória é dividida em três atos, representando fases distintas de sua vida pessoal e profissional: MC Pocahontas, Pocah e Viviane.
“Foram 14 anos de altos e baixos. Hoje, com mais maturidade, percebo que tudo foi importante para chegar até aqui, e tenho muito orgulho do que conquistei. Sou uma mulher, preta e periférica que vive da arte e posso oferecer o melhor para minha família. Sou vitoriosa”, reflete.
“Cria de Caxias” reúne 14 faixas — uma coincidência com o tempo de atividade na cena ou não — com diferentes sonoridades, incluindo parcerias com MC Kevin O Chris, L7NNON, Tropkillaz, Slipmami e outros nomes.
O repertório é fortemente marcado pelo funk, especialmente no bloco MC Pocahontas. Um bom exemplo disso é “Só de Raiva”, colaboração com Tati Quebra Barraco e Rebecca, que é uma faixa raiz, carregada de energia de baile de funk e com um deboche sobre aqueles que “infelizmente gostam de homem”.
Pocah comenta: “Eu falei: ‘Cara, tem que ter uma música falando sobre esse sentimento, sobre esse descontentamento com a raça macho’. Gostar de homem é um sofrimento.”
Ela explica ainda: “Não é que eu não goste de todos os homens. Até sou casada com um e amo muito o meu divo [risos], mas, ô, raça difícil. Quem discorda, discorde aí na sua casa, mas eu vou contar a minha experiência através da música.”
O ato Viviane, na contramão, traz “Nunca Tá Bom”, uma faixa embalada por um violão e um mantra que reflete a pressão da fama, os haters e as críticas enfrentadas pela artista em sua carreira: “É melhor fazer, se de qualquer jeito vão falar”.
Pocah afirma: “Eu não posso me deixar influenciar pelas falas dos outros porque, no fundo, eu sei quem eu sou, o que eu quero e o meu potencial. Eu li um livro da minha amiga Gabi Lopes que teve uma frase que ficou muito em mim: ‘Antes feito do que não feito’. Levei isso pra mim.”
A faixa “Vitória” fecha o álbum e apresenta um som diferente, sendo dedicada à filha de Pocah, Vitória, que também participa da música. “Ela é fãzona do meu trabalho. É claro que ela não tem acesso a tudo que eu lanço, mas o que é permitido para a idade dela, ela gosta”, conta a mamãe.
Pocah acrescenta: “Ela falou que também queria estar no álbum, vendo outros artistas presentes. Eu atendi a esse desejo dela. A faixa ‘Vitória’, que fiz com todo o meu coração para ela, é a minha favorita. Ela abrilhantou ainda mais.”
No dia 20 de setembro, o álbum “Cria de Caxias” será levado ao Espaço Favela do Rock in Rio deste ano, onde Pocah promete um espetáculo inspirado no projeto e que explora as diferentes eras musicais do disco. “Estou tendo ideias muito bacanas para esse show. Quero entregar algo que, de fato, seja uma experiência inesquecível para quem estiver lá curtindo. Mas isso são surpresas que vocês só vão poder conferir no dia”, conclui a cria de Caxias.